sexta-feira, outubro 25, 2019

Miguel perdeu a guerra, mas venceu a batalha pela dignidade

 Jornalista, radialista, ator e professor Miguel Torres, 58 anos -
O jornalismo alagoano de tempos em tempos produz nomes que vão marcar sua história. Miguel Torres com sua sua versatilidade profissional e capacidade de se reinventar está entre estes nomes.

Da TV para o rádio, do rádio para a assessoria, de lá para os comentários esportivos e nos cerimoniais. Era assim! Se virava em mil mas não negava trabalho. 

Amava a profissão como a vida. A esposa, os filhos e o neto. Miguel, da risada fácil, da cara amarrada, que quebrava quando gargalhava quase que faltando ar em tom máximo. Escandalizava!

Ah! O Miguel! Cara do bem, dos bons e gente boa! 

Incapaz de desejar mal a alguém, virava uma fera para cobrar em nome do povo. Foi assim várias vezes. Gostava de comprar briga para os mais humildes. Para isso, enfrentava os grandes. Com olhar firme.

Mas, nunca com violência. Seu lema era firmeza com respeito. E foi respeitado. Todos, até os que dele discordavam sabiam conviver com ele.

Miguel era fácil demais de conviver. Primeiro porque não era metido. Os anos gloriosos à frente do vídeo nunca lhe subiram a cabeça.

Aliás, Miguel era um cara cabeça. Formou-se ator. Aprendeu a nunca ter pré-conceito de nada e de ninguém. Miguel ouvia.

Miguel não era de Migué! Tudo nele era verdadeiro. Inclusive, a busca pela verdade era uma obsessão. Só falava com certeza do que apurou. Por isso, ligava uma, duas, três vezes para poder peneirar o correto.

Deu aula. Ensinou, aprendeu, vibrou com quem o superou. Miguel era de elogiar o bom trabalho. Não tinha inveja. Tinha orgulho de ver os colegas aprenderem.

Aprendi com ele. 

Hoje, nessa difícil missão de dizer "Descanse em paz!" estou os olhos umedecidos, quentes com uma lágrima que está prestes a lavar minha face. Escorreu! Enxuguei suspirando. 

Mas, não porque o Miguel morreu, mas porque perdemos alguém que não nos deixa esmorecer.

Vai na luz, que teus fãs, amigos e familiares ascenderam para ti quando dedicaram muitas orações e preces. Nos ensinasse a ser solidários até em teu último leito. Perfeito! Em silêncio. 

Segura na mão e vai Miguel. 

Tchau! E obrigado!!

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