PCC a metamorfose da sigla

Sou do tempo em que PCC era apenas Plano de Cargos e Carreiras de servidor público. Agora a sigla é Primeiro Comando da Capital...tem um poder de fogo incrível. Parou São Paulo. Nunca a esquerda, exceto na época do impeachment, conseguiu tal feito. Foi foda. Tiro em Polícia, civis, ônibus queimado, cocktel molotov, parecia outro lugar. Mas era aqui.

Que azar o nosso. Em qualquer outro país isso ocorreria, mas seria em represália contra o governo. Assim tipo a França! É´! Mas aí também já é demais. São séculos na nossa frente. Enfim...voltando para o problema ele vai continuar existindo. Com ou sem interceptador de ligação de celular, vai continuar tendo líder telefonando.

O problema é humano. Os agentes são gente. E gente pobre. Na maioria dos casos moram nas mesmas favelas de onde saem os bandidos. Aliás, só não estão do outro lado das grades por uma sorte do destino. Ganham mal, moram pior ainda e calados, já são suspeitos. Que trabalho da porra é esse.

Não dá outra. O camarada vai e se rende a oferta fácil do dinheiro sujo. Passa tudo. Maconha, coca, crack, celular, birita, puta, dinheiro e arma. Pronto! O clima é esse quase todo o dia.

O presídio vive a antítese do lugar mais livre do planeta. Quem manda não são os agentes do Estado, mas sim os detidos por ele. No Rio é Comando Vermelho, em São Paulo é Primeiro Comando...em cada lugar quem manda tem um nome. Criatividade não falta. Mas o que falta mesmo é ideologia.

Ambas as facções se organizaram seguindo um modelo que surgiu na épóca da ditadura. Naquele período estudante, sindicalista e funcionário público queriam tomar o poder. Eram tão organizados que faziam assembléias na prisão. Era no tempo do Graciliano Ramos. Preso eternizou o momento em "Memórias do Cárcere", grande livro.

A prisão por ideologia ou o aprisionamento ideológico, não eram crime. Mas, como falavam em mudar o status quo, o estabechment, com um programa socialista, foram parar na prisão, quando não em valas comuns ou soltos no mar. Mesmo mortos deixaram o sentimento de conspiração presente nas cadeias.

Mais tarde a classe média mudou de lado. Ao invés de lutar contra o sistema virou vítima dele. Perdeu seus filhos para o tráfico, o tranbique e a vida fácil. Acabaram presos. Lá, com uma farta mão de obra barata e sem estudo foi fácil virarem líderes.

É assim com o tal de Marcola, líder do PCC. Inteligente tem o poder de comandar. Não mata, mas tem pode mandar matar. É tão escroto que entre as exigências para parar com o terror em São Paulo pediu 60 aparelhos de plasma (entre 5mil e 9mil) para ver a copa com a galera. Ordenou ataques em São Paulo, que já ultrapassam os 250.

O comando do PCC extrapola o lado criminoso. Agora querem agir sem armas. Querem eleger um deputado federal ou estadual. Anunciam a necessidade de terem um porta-voz institucionalizado.

Talvez seja a campanha mais limpa porque os escolhidos já dirão que defendem ladrões e eventualmente o são. Coisa que os atuais não fazem. Depois de muita porrada da mídia até querem fazer. Vão votar projetos que tramitam a mais de dez anos sobre questões do sistema prisional.

É! Com isso chega. Estamos mesmo é reféns dos PCCs e Comandos Vermelhos. Em quem acreditar. No político ladrão ou no ladrão que quer ser ou ter políticos???