quarta-feira, julho 14, 2010

Alagoas mantém liderança da miséria nacional


Não bastasse a devastação das chuvas em 28 municípios alagoanos, no mês passado, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) confirmou o que todos os alagoanos consicentes já sabem: somos o Estado mais pobre do país. 

O estudo tomou como base os anos de 1995 a 2008, uma ano apósa  vitória do presidente Luis Inácio Lula da Silva. A época governava o Estado, Ronaldo Lessa, que oito anos depois foi sucedido por seu ex-aliado Téo Vilela, atualmente no cargo.

Enquanto o estudo mostra que pouco mais de12 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta, em Alagoas, 56% da população continua nesta penúria. Ou seja, sobrevivem com até meio salário mínimo por mês. Esse valor mal dar para garantir alimentação.

Miseráveis

Os miseráveis de Alagoas estão espalhados pelo interior, mas uma grande parte habitam as favelas da capital. São mais de 100 ao todo, localizadas em áreas de risco e submetidas as ações do tempo. 

Na capital, os pobres costumam viver com a coleta de material para reciclagem, na construção civil, como camelôs e atividades domésticas. 

Uma parte significativa mora a beira da Lagoa Mundaú onde conseguem tirar o sururu que é vendido e também alimenta os filhos. O lugar, assim como a maioria das áreas periféricas, não tem saneamento, nem água encanada. A energia é roubada, por meio de "gatos" e a comida, em geral, é preparada com madeira recolhida pelas ruas.

Ricos

O mais incrível é que ao passo em que existe a miséria extrema, a capital é uma das que mais possui carros importados. Nas ruas os modelos chamam a atenção, assim como o forte crescimento imobiliário nas áreas nobres.

Isso indica outra constatação, a de que temos a pior distribuição de renda do país. Aqui os ricos são mais ricos, enquanto os pobres ficam cada vez mais pobres. Os que têm sorte conseguem entrar no Programa Bolsa Família e garantir mais alimentos à mesa.

A miseria alagoana é histórica. Ela tem origem ainda nos engenhos de cana, que posteriormente se transformaram em poderosas usinas. Se antes, os primeiros, escravizavam, estes últimos mantém os trabalhadores com baixos salários.

Favelas

Por isso que vivendo em condições precárias, no interior, uma parte das pessoas se desloca para a capital onde engrossam os bolsões de miséria. Mas, também, há aqueles que fugiram da seca e migram para a cidade.Aqui se tornam favelados e trabalhadores desqualificados.

Para piorar todo esse quadro, é na periferia onde está a maior parte da violência. Sem emprego, educação e condições de moradia digna, os jovens e adolescentes foram seduzidos pelo crack e o crime. Sem condições de responderem a maior violência, que é a falta de políticas públicas, eles entram para o tráfico e morrem antes mesmo da vida adulta.

A tragédia sóciopolicial se repete. Em mais um processo eleitoral serão os miseráveis quem definirão os eleitos. Boa parte da classe média também sede a tentação do dinheiro e vantagens de alguns "falsos heróis" e os elegem. 

Assim, a cada eleição, a cada ano vamos vivendo e fingindo que somos a "cidade sorriso" ou o Estado  das "mais belas praias" do país. Mas, mentira tem pernas curtas e miséria grande.


Crédito das Fotos: Fabiano Sarmento, 
Jhonathan Pino (Ufal) 
e arquivo www.alagoas24horas.com.br

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