terça-feira, novembro 23, 2021

Entrevista Revestrés - Kleber Mendonça Filho E Juliano Dornelles - Diretores do Filme Bacurau


Esses dois caras fizeram um filme sobre uma invasão muito violenta. Contaram isso com uma dramaticidade incrível. Bacurau mudou a realidade da comunidade de Barra no Rio Grande do Norte, no nordeste brasileiro, onde as locações foram gravadas. Transformaram o ritmo do lugar que tinha apenas 90 pessoas com a chegada de uma equipe gigantesca com mais de 200 pessoas. 

Além de levar a magia do cinema e a forma da produção nacional, provam como a produção de cultura gera empregos. 

Abaixo tem os bastidores do filme, com o uso de técnicas avançadíssimas para os efeitos, a iluminação e o processo da construção da narrativa. Tudo encanta, seduz e empolga. Isso é Brasil. Cinema brasileiro feito de forma profissional, empregando, levando renda e mexendo com as emoções.

Foram gerados mais de 800 empregos diretos e indiretos. 

Assistam! 


quarta-feira, novembro 17, 2021

O dilema dos pobres e o futuro ou pobreza S. A versus Miséria



 Amassar latinhas, pedir esmolas com cartazes, nos coletivos, diante de restaurantes ou em residências é a sina de quem vive na extrema pobreza. Em completa exclusão social econômica e social vivem "a olhos vistos", mas invisíveis para a maioria. 

Quantas vezes, você de classe média, ainda com emprego, a caminho do shopping ou ao descer do carro com os filhos na porta de um restaurante se deparou com famílias inteiras e, mesmo constrangido teve que dizer não porque vai pagar com cartão e não tem trocados na carteira?

Nesta caso, às vezes, ao final, consciência pesada, ou cobrado pelos filhos, pede para o garçom ao final do almoço fazer uma quentinha com os restos e chama um dos pequenos entre os pedintes para entregar o que sobrou. 

Sua piedade não pode ser desprezada. Como a maioria dos cristãos você agiu com emoção. Mas, os pobres continuará ali. Porque a questão não se resolve assim, mas como política, escolha de projetos, diagnóstico da realidade e com a escolha de políticos que pensem nos pobres. E não só isso, aja para de algum modo incluí-los. 

Conheces alguém assim? Digo, incluir para tentar fazê-los mudar de classe. De algum modo isso só ocorrerá com os filhos na classe. As das escolas. Sim, porque muitas vezes os pais sem qualificação e o mercado sem espaço para tanto não conseguirão sozinhos impulsioná-los. É que a saída coletiva para o problema parte da construção de um caminho...para gerar oportunidade mais adiante. Logo é de longo a médio prazo.


     


Eis a questão...

Os pobre são numerosos. A julgar pelos 29 milhões que integravam o extinto - Bolsa Família elaborado pelo governos petistas a partir da política de inclusão dos tucanos do PSDB - apenas 10 milhões migram imediatamente para o "novo" Auxílio Brasil. Outros 4,5 milhões serão incluídos. Assim se chegará, inicialmente, a 14,5 milhões de pessoas e a outros 17 milhões até abril de 2022.

Mas, o problema é que outros 15,5 milhões que não se incluem na chamada "extrema pobreza" ficarão de fora. A pergunta é: o pobre com renda em declínio tende a subir ou cair? 

Por essa razão muitos especialistas acreditam que o que o governo vai dar de ajuda pode impactar pouco no que se refere a mudança do cenário da pobreza no país. 

Ao todo o governo vai repassar R$ 400 reais por família, totalizando ao final dos repasses, em dezembro do próximo ano R$ 81,6 bilhões. 

É muito dinheiro. Mas, mesmo assim, os pobres continuarão existindo. Já o próprio auxílio não porque tem vida curta. Acabará mesmo em dezembro. Isto porque o repasse não é uma política de governo. Ou seja, não vai ter continuidade.


Giro

Nesse período a economia da Classe C vai girar porque mercadinhos, bodegas no interior e pequenos negócios na capital e por lá estarão aquecidos. A inclusão momentânea fortalecerá a "micro-economia" e também terá impacto em parte da grande indústria, em especial os processadores de alimentos, material de construção e fabricantes de roupas. 

A grande reflexão, para mim pelo menos, é que ao contrário do Bolsa Família, que tinha como "troca" do repasse a presença em salada das crianças e a vacinação em dia. Toda a educação da primeira infância estava garantida. Com comida, nas unidades, mais um pouco em casa e ao mesmo tempo fora das ruas a meninada tinha um caminho a seguir.

Sendo assim, o problema não estava em criou o Bolsa Família. Mas, a quem beneficiava. Não basta acabar com uma "marca" e criar outra sem um planejamento de qualidade e continuidade. 

Não tenho dúvidas que o BF deve ter tido inúmeras falhas. Mas, será que não seria mais fácil tentar aprimorá-lo ao invés de começar do zero novamente?


Proselitismo

O pior é que em parte, teremos pessoas da esquerda torcendo para o Auxílio dar errado porque assim favorecerá a seus candidatos ou ao Lula. Por outro, outras tantas acreditando que será o melhor porque foi criado por Bolsonaro. 

Mas, e os pobres? 

Pense nisso. Deixe de lado sua pobreza de ideias. 




 




quarta-feira, novembro 10, 2021

Cinco minutos com Mário Prata


 

Sou um cara de sorte. No dia em que estava mais abalado emocionalmente por uma "pancada" pessoal - que não convém contar, agora - fiz minha sessão de análise assistindo um dos maiores cronistas do Brasil, o Mário Prata. 

Veio dar a palestra "O envelhecimento e o espaço social dos que não são mais jovens"

Presente no Teatro Deodoro, nosso maior palco, ele foi um dos convidados dos Diálogos Contemporâneos. Em mais de duas horas de conversa, mediada pela museóloga e professora Carmen Lúcia, Prata arrancou risadas, reflexões e paixões do público. Entre eles leitores ávidos.

E ali,  um leitor "meia boca" pois não li e nem conheço sua obra toda. Mas, o que li me impressionou. A fase de cronista conheço um pouquinho mais. A história do "lambe pinto" que ele contou até li no passado.

Mas, o dia que o encontrei por quase cinco minutos, não começou bem. Nem mesmo o início da palestra foi muito normal. Aliás, foi parte do "novo normal". Porque comecei vendo-o via YouTube no canal do Diálogos e depois parti pro teatro. (clique e assista)

Fui o último a chegar entre as 78 pessoas que estavam lá. Aliás - abro um parágrafo aqui para refletir sobre minha frustração com meus conterrâneos, os estudantes universitários entre eles os de jornalismo, além dos jornalistas: cadê vocês? - perderam mais uma chance de sair do lugar comum.

Mas, como falava cheguei por último e sentei na segunda fila. Vi gente conhecida, algumas de muitos anos, outras de pouco tempo, mas quase todos conhecidos, até os que não sei o nome, mas encontro em outros eventos.

Depois dei um arrudeio nas cadeiras - típico de drible da vaca - fui pelo outro lado para a primeira fila e sentei ao lado do repórter fotográfico Ricardo Lêdo (ex-Gazeta) que me deu uns toques para reduzir a luz da cara do Prata e fazer uma boa foto com o resto de bateria que me restava no celular.

Duas cadeiras depois estava lá a jornalista e professora Cintia Ribeiro rindo, admirada e encantada com sua esposa, nossa querida Carmen dando um show ao nível do Prata, quebrando tabus e desconstruindo preconceitos se assumindo pro mundo como lésbica ou bolacheira. 

Foi tão natural o uso da expressão de rua, no jeito de falar e cobrar naturalidade das palavras que impressionou o próprio Prata, que revelou que namora uma mulher que "transita" como bolacheira. Risos não faltaram. 

Quando a palestra terminou fui conduzido pelo acaso e o senso de furo que às vezes norteia minha vida como jornalista. Sem um puto no bolso, mas com o cartão mágico que vai me cobrar depois, fui até a banca de vendas.

Inicialmente azarado ouço do cara, um vendedor simpático da porra, super educado e eu falando alto, cadê o livro: "O drible da vaca"? Ao que o cara conta que vendeu tudo. Mas, que daria um jeito. Aí me conta que havia um único livro sobrando e estava com o próprio Prata.


Pô! Eu não ia cobrar do autor o livro que ele estava em mãos para comprar. Mas aí, mais uma vez o vendedor me convenceu que ele o devolveria para vender mesmo.

Nessa hora surge, na saída do Teatro para o pátio onde ocorreriam os autógrafos surge o Mário Prata. Como quem já o conhecia e era íntimo, gritei: 

-Seu Mário o senhor está com meu livro em mãos. Ele rio rapidamente. Também agi rápido para pagar pela obra e meio que exigi como estava comprando o último vendido, mas o primeiro em suas mãos, para autografasse. Furei a fila e fui pentelhá-lo.

A essa altura bateu o desespero porque depois de um dia inteiro zapeando, acessando redes sociais e sites, meu celular tinha ido para o beleléu. 

Eis que surge minha amiga Edna - um dos Anjos de Prata grupo de leitores apaixonados pela obra do escritor que desde os anos 2000 o acompanham desde que produziu o livro os Anjos de Badaró - super fã do cara. 

Vendo meu momento de fã atrapalhado registrou em foto o momento em que o livro era autografado. 

Nesse momento soletrei meu apelido: T-C-H-O-L-A! 

-Que nome estranho, resmungou Prata. 

Falei mais de uma vez e ele ainda ia errando. Mas corrigiu. Parou uns segundos e escreve: 

Marcos Tchola, Ria de Tchorar!

E ri mesmo (risos) com o trocadilho rápido. 

Precisa falar mais? Sim! 

Só para agradecer a professora Edna autora da foto, a produção local dos Diálogos nas figuras da Sue Chamusca e sua amada Silvana Valença. E, claro, a vocês que perderam quase cinco minutos para ler essas besteiras aqui.





















Depois de uns dias da publicação, finalmente, consegui incluir na mesma postagem o vídeo completo da participação do Mário. Se quiser assiste aí.

 

domingo, março 21, 2021

Festa em casa também gera aglomeração e riscos


É natural que pensemos que aglomeração são apenas grandes eventos com centenas ou milhares de pessoas. Mas uma confraternização em casa com dobro, triplo de gente sem máscaras tbm gera risco de contaminação. Assista ao vídeo e compartilhe!


quinta-feira, janeiro 28, 2021

Cuidando de quem cuidou - um gesto de amor

A vacina para os idosos acima de 85 anos contra a Covid-19 - quase sempre pais, avós, tios, sogros e sogras - é a oportunidade de cuidarmos de quem cuidou da gente. 

No Brasil inteiro foi comum ver netos ao lado deles num gesto de humanidade que mostra que família continua sendo nosso maior legado.

Em Caruaru uma cena inusitada, dessas que só o nordeste reserva, particularmente chamou minha atenção. Sendo bem sincero, me emocionou. Foi a neta enfermeira vacinando avô. E uma figura conhecida e importante para a nossa cultura.

Simplesmente era o compositor Onildo Almeida, de 92 anos, autor entre outras pérolas de "A Feira de Caruaru".

Acho que ali a vida deu um jeitinho, com um toque divino, de colocar quem cuidou para ser cuidado. Imagina você que àquela menininha que um dia o encantou e precisava de apoio para viver tinha em mãos o líquido que garantirá a sobrevida de sua própria história.

Como não se empolgar com uma notícia dessas. É o lado pitoresco, mas ao mesmo tempo simbólico da pandemia. Ela por si só é uma tristeza. Mas que bom podermos encontrar algo para esquecer das tragédias.

Cuidado


Outra história linda que vem do meio de tanto sofrimento é do médico que ficou 60 dias na UTI e foi tratado por seus próprios primos. Final feliz para Luiz Henrique Campelo que desenvolveu forma grave da Covid-19.

Internado no Hospital Português, em Recife, ele foi acompanhado por Emanoel Campelo, que acreditou que o primo de 49 anos não fosse se tornar um caso grave. Infelizmente não foi o que ocorreu ele ficou desde o início de novembro sendo monitorado. 

A alta só veio em 6 de janeiro para o alívio e felicidade de todos.

Fiz questão de trazer esses casos para renovar a minha e a esperança de quem lê. A vida com Covid-19 tem seus dissabores, mas vai além da dor e desamor que temos visto e lido por alguns de nossos governantes. Felizmente o nosso Deus - que espero seja o seu com o nome que tiver - não está "acima de todos", ele está ao lado e muitas vezes dentro de nós. 

Mora dentro dos nosso corações fraternos, apaixonados e generosos. 

Créditos: Foto 1 - Mavian Barbosa - G1, Foto 2 - TV Globo PE