quarta-feira, novembro 10, 2021

Cinco minutos com Mário Prata


 

Sou um cara de sorte. No dia em que estava mais abalado emocionalmente por uma "pancada" pessoal - que não convém contar, agora - fiz minha sessão de análise assistindo um dos maiores cronistas do Brasil, o Mário Prata. 

Veio dar a palestra "O envelhecimento e o espaço social dos que não são mais jovens"

Presente no Teatro Deodoro, nosso maior palco, ele foi um dos convidados dos Diálogos Contemporâneos. Em mais de duas horas de conversa, mediada pela museóloga e professora Carmen Lúcia, Prata arrancou risadas, reflexões e paixões do público. Entre eles leitores ávidos.

E ali,  um leitor "meia boca" pois não li e nem conheço sua obra toda. Mas, o que li me impressionou. A fase de cronista conheço um pouquinho mais. A história do "lambe pinto" que ele contou até li no passado.

Mas, o dia que o encontrei por quase cinco minutos, não começou bem. Nem mesmo o início da palestra foi muito normal. Aliás, foi parte do "novo normal". Porque comecei vendo-o via YouTube no canal do Diálogos e depois parti pro teatro. (clique e assista)

Fui o último a chegar entre as 78 pessoas que estavam lá. Aliás - abro um parágrafo aqui para refletir sobre minha frustração com meus conterrâneos, os estudantes universitários entre eles os de jornalismo, além dos jornalistas: cadê vocês? - perderam mais uma chance de sair do lugar comum.

Mas, como falava cheguei por último e sentei na segunda fila. Vi gente conhecida, algumas de muitos anos, outras de pouco tempo, mas quase todos conhecidos, até os que não sei o nome, mas encontro em outros eventos.

Depois dei um arrudeio nas cadeiras - típico de drible da vaca - fui pelo outro lado para a primeira fila e sentei ao lado do repórter fotográfico Ricardo Lêdo (ex-Gazeta) que me deu uns toques para reduzir a luz da cara do Prata e fazer uma boa foto com o resto de bateria que me restava no celular.

Duas cadeiras depois estava lá a jornalista e professora Cintia Ribeiro rindo, admirada e encantada com sua esposa, nossa querida Carmen dando um show ao nível do Prata, quebrando tabus e desconstruindo preconceitos se assumindo pro mundo como lésbica ou bolacheira. 

Foi tão natural o uso da expressão de rua, no jeito de falar e cobrar naturalidade das palavras que impressionou o próprio Prata, que revelou que namora uma mulher que "transita" como bolacheira. Risos não faltaram. 

Quando a palestra terminou fui conduzido pelo acaso e o senso de furo que às vezes norteia minha vida como jornalista. Sem um puto no bolso, mas com o cartão mágico que vai me cobrar depois, fui até a banca de vendas.

Inicialmente azarado ouço do cara, um vendedor simpático da porra, super educado e eu falando alto, cadê o livro: "O drible da vaca"? Ao que o cara conta que vendeu tudo. Mas, que daria um jeito. Aí me conta que havia um único livro sobrando e estava com o próprio Prata.


Pô! Eu não ia cobrar do autor o livro que ele estava em mãos para comprar. Mas aí, mais uma vez o vendedor me convenceu que ele o devolveria para vender mesmo.

Nessa hora surge, na saída do Teatro para o pátio onde ocorreriam os autógrafos surge o Mário Prata. Como quem já o conhecia e era íntimo, gritei: 

-Seu Mário o senhor está com meu livro em mãos. Ele rio rapidamente. Também agi rápido para pagar pela obra e meio que exigi como estava comprando o último vendido, mas o primeiro em suas mãos, para autografasse. Furei a fila e fui pentelhá-lo.

A essa altura bateu o desespero porque depois de um dia inteiro zapeando, acessando redes sociais e sites, meu celular tinha ido para o beleléu. 

Eis que surge minha amiga Edna - um dos Anjos de Prata grupo de leitores apaixonados pela obra do escritor que desde os anos 2000 o acompanham desde que produziu o livro os Anjos de Badaró - super fã do cara. 

Vendo meu momento de fã atrapalhado registrou em foto o momento em que o livro era autografado. 

Nesse momento soletrei meu apelido: T-C-H-O-L-A! 

-Que nome estranho, resmungou Prata. 

Falei mais de uma vez e ele ainda ia errando. Mas corrigiu. Parou uns segundos e escreve: 

Marcos Tchola, Ria de Tchorar!

E ri mesmo (risos) com o trocadilho rápido. 

Precisa falar mais? Sim! 

Só para agradecer a professora Edna autora da foto, a produção local dos Diálogos nas figuras da Sue Chamusca e sua amada Silvana Valença. E, claro, a vocês que perderam quase cinco minutos para ler essas besteiras aqui.





















Depois de uns dias da publicação, finalmente, consegui incluir na mesma postagem o vídeo completo da participação do Mário. Se quiser assiste aí.

 

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