quarta-feira, janeiro 20, 2021

Qual a sina da vacina?

 

Criação de Adão de Michelangelo -

Deveria ser promover a vida. Mas, no conturbado Brasil pandêmico não é bem assim. Há quem acredite que é melhor viver o risco de se contaminar, o quadro se agravar e morrer. Estranho um país, ou parte dele - quero acreditar que pequena - tenha medo do que protege e não do que mata.

Em 1.700 os negacionistas, com base na religião também desconfiavam da ciência. Na Europa, hoje referência para a aceitação dos imunizantes, houve quem perseguisse cientistas. Os associassem a pessoas ligadas ao mal, ao satanás. 

O que hoje parece absurdo, na verdade é tão comum que chega a impressionar os seguidores da ciência. Seja por parte do presidente da República que diz que não vai se vacinar, ignorando o momento crítico, ou até mesmo os textos do app whats app que fala em "cópia de DNA", "Altismo no futuro" e associar ineficácia com ineficiência - pelo fato de uma delas a Coronavac apontar apenas 50,39% ou 50,4%.

O percentual é o mínimo, mas aceito pelos especialistas em imunologia. A referência é internacional e foi definida pela a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). 

Mas, os que tem medo, aquele medo real, de que isso represente algo ruim, é fácil ou diria possível de convencer. Ou de conversar.  Isto porque estar com 50,4% a menos de chances de adoecer é bastante razoável. E ainda se houver contágio ter a certeza de que não vai morrer. 

Entretanto, quando o argumento é religioso ele foge totalmente a expectativa de uma discussão racional. Digo isto com base em algumas  Aliás, quem o faz por esse viés costuma procurar imprensar "contra a parede" os pró-ciência. "Mas você não acredita em Deus?". 

Sendo quase uma unanimidade mundial, não seria Deus (mesmo assumindo outros nomes) capaz de ter dado inteligência par os cientistas produzirem a cura? 

A pergunta também de natureza religiosa parte de uma premissa filosófica. Isso partindo-se do reconhecimento de Deus como a maior força, presente em todos os lugares, inclusive de forma constante nos laboratórios onde há pessoas querendo salvar vidas.

Se o homem é imagem e semelhança de Deus, também de seu filho Jesus, por que os cientistas não seriam? E por sua vez não hão de querer o bem de todos, conforme ensinou o Pai?

Aí é onde eclode uma explosiva diferença. A depender da linha religiosa se o comandante da igreja for um pastor (ou padre), conforme seja o ramo, ele para alguns é mais sábio que Deus. Tudo porque além de ser escolhido por Ele para liderar as "ovelhas", leia-se os fiéis, seria capaz de interpretar as palavras do Senhor.

O problema é que essa "interpretação", atualmente está eivada de sentimentos e alinhamentos políticos. E aí é onde mora o perigo. Porque, por definição, a verdeira religião é aquela que "religa" o homem a Deus. E não o homem ao pastor. Isso é apenas consequência da organização da doutrina. Portanto, algo humano, meramente humano para atender interesses humanos. E sendo assim, falho também. 

No momento, como a condução do país é humana, política e religiosa, o Ministério da Saúde, órgão máximo da regulação da vida, não tem ou não compreende a necessidade de uma grande campanha pró-vacina ou esclarecendo porque é positiva.

Deste modo acredito que a vacina que foi politizada até aqui, será judicializada daqui para a frente sobre a necessidade das pessoas se vacinarem além de suas posições e expectativas pessoais. Isto porque como sugere a Constituição em situações pandêmicas, com doenças infecto contagiosas a vacina não é uma questão de opção, mas sim o único mecanismo conhecido para conter o avanço da Covi-19.

Para concluir, deixo uma última pergunta. Na verdade duas. Será que se fosse dada da chance para às mais 201 mil pessoas que morreram terem 50,4% de chance de viver o que elas responderiam? E ainda: se os seus parentes pudessem fazer a mesma escolha o que escolheriam?

Vacina Já!





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