sexta-feira, dezembro 05, 2008

Aniversário da cidade...infelicidade



Moro em Maceió desde que nasci. Quando comecei a me entender por gente descobri suas belezas naturais e mazelas sociais. A cidade é linda e o povo hospitaleiro. Mas, tudo para por aí.


Temos uma classe média ingrata, sem cultura, pessimista e fadada a admirar os estados vizinhos. Aqui, quem tem dinheiro, senta na mesa do bar e fala assim: - rapaz fui a Aracaju. Que cidade limpa e organizada...


Já outro abre a boca: - melhor é em Recife...a cidade cresceu demais. Lá tem tudo!


(Essa última ainda em conseqüência da famigerada propaganda da extinta Casa do Colegial que dizia: se no Recife tem...na Casa do Colegial também tem!)


Aí vc anda atrás do carro desses malas e a cena mais comum é ver os motoristas jogando lixo pela janela do carro. Ou então fazendo uma construção no litoral e deixando a ligação clandestina de esgoto para jogá-lo no mar.


Esse é o alagoano, principalmente, o maceioense. Está sempre admirando quem vem de fora e montando investimentos. Assim que abre um restaurante novo, cujo dono veio de qualquer estado, o povo todo vai lá. Isso até enjoar e surgir um novo local!


Mas, hoje é dia de festa. Maceió completa 193 anos de existência fruto de muita luta de sua classe trabalhadora e dos pobres. Os ricos continuam mais ricos e gastando seu dinheiro fora daqui.


Para eles nada importa se o esgoto da Jatiúca cai na praia há 30 anos espalhando uma mancha negra vergonhosa.


A cidade fica velha e não se dá conta que seu parque histórico está morrendo e o crustáceo simbolo de nossa culinário já não existe mais. Pois é! O sururu sumiu. O que chega aqui vem de Aracaju. Mas, quem liga para isso?


O mais importante é que estamos ficando parecidos com Recife. Já temos até duas passagens de nível - que aqui ganham status de viaduto.


Porém, nunca seremos pernambucanos. Não que queiramos...mas é porque não vivemos nossa cultura (guerreiro, pagode, samba, pastoril, fandando ...entre outros). Isso faz uma diferença enorme.


Como não nos envolvemos com cultura não evoluimos. Sem evolução não escolhemos os melhores para nos administrarem. Como escolhemos os medianos eles fazem uma média e nos conformamos.


É! Parece que estamos fadados a permanecermos com o pé na lama. A mesma lama que cercara o engenho Maçaió...com área alagadiça, e que deu origem a cidade.


Apesar disso e de muito mais...comemoremos...esqueçamos por alguns minutos nossas 147 favelas e grotas, assim como os índices que revelam determos a liderança em analfabetismo e o maior déficit habitacional entre as capitais.


Ah! Antes que me esqueça...somos conhecidos como a cidade sorriso...mas não dá para rir...porque não temos dentes. Também somos a capital dos desdentados. Que lástima!



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