sábado, maio 10, 2008

O poder do sem poder


Durante toda a semana ouvi, li e assisti dezenas de comentários sobre as eleições da "nova" Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. Em geral os principais articulistas e repórteres da capital e do interior apontaram a participação do presidente afastado Antônio Albuquerque (sem partido).

A partir disso começei a me indagar sobre o seu real poder de influência, já que não está com o poder da caneta. Segundo meus coleguinhas de trabalho ele manda em quem ficou. Pelo menos na maioria.

Mas, será que é isso mesmo?

No jornalismo, quando um repórter tem medo das coisas ele faz o que chamamos de "autocensura". É o pior dos profissionais, porque ele se antecipa a proibição do próprio chefe. É sua cabeça quem determina o que entra ou não.

Creio que na ALE acontece o mesmo. O maior problema é a "autocensura" dos que ficaram. Digo isso analisando alguns fatos importantes. Um deles envolve uma matéria publicada na revista Isto É, onde Albuquerque teria falado em "suicídio" e que "levaria uns três" com ele.

Bom! Partindo da premissa de que a revista não mentiu, nem omitiu e que o repórter Mino Pedrosa tem credibilidade, não acredito que o mesmo parlamentar que falou isso para o governador Téo Vilela, mande em mais nada.

Desde que o desembargador Antônio Sapucaia, o alagoano mais corajoso de que já tive notícia, afastou Albuquerque e seus colegas de mesa sua vida mudou para pior. Sem espaço político perdeu praticamente todos os cargos para onde tinha indicado aliados.

E o pior, não pode vender, se quiser, a maioria dos bens que adquiriu ao longo de sua vida. Tudo foi bloqueado pela justiça, para um possível ressarcimento dos cofres públicos, caso seja condenado pela Justiça Federal.

A "Operação Taturana", deflagrada pela Polícia Federal, conseguiu revelar detalhes dos gastos, compras, empréstimos e sua riqueza sem pena. Onde está o poder então? No inquérito que investiga o desvio de R$ 280 milhões da Mesa Diretora, Albuquerque é chamado de líder da quadrilha. Isso é muito forte ou estou enganado?

O grupo afastado, inclusive o próprio Albuquerque, está gastando o que pode para contratar e mobilizar os melhores advogados e até o momento só tiveram derrotas. As mais expessivas aconteceram no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Nem o fato do presidente do STJ, Humberto Gomes de Barros, ser primo do pai do deputado Nelito Gomes de Barros, um dos afastados, ajudou ou favoreceu o pedido de retorno dos deputados para os cargos.

Presidente do STJ, Humberto Gomes de Barros

É por isso que acho que o processo na ALE foi fruto de um acordão. O que aconteceu foi a omissão, inclusive da oposição, que poderia ter batido chapa, nem que fosse para a sociedade saber quem é quem no poder.

Como não tiveram coragem de ir até o fim e convocar a sociedade a pressionar os demais a apoiarem a eleição, fosse de Rui Palmeira, Judson Cabral ou outro nome, alegam que Albuquerque ainda manipula.

Aliás, Judson não queria, no fundo assumir nada, porque no fundo sonha em disputar a eleição para prefeito de Maceió, enfrentando Cícero Almeida, que é aliado do presidente Lula.

Sei não. Não acredito no poder de quem está sem poder.



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